quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

06.20 - CULTURA

carta do património arqueológico

Porto de Mós e o seu património arqueológico, que contributo?

É comum referir o património arqueológico como um precioso tesouro a valorizar. Mas poucos são aqueles que estão dispostos a investir numa área que demora a apresentar resultados palpáveis. Trabalhar em arqueologia é caro e o retorno do investimento raramente é imediato e directo. Há alguns anos, a Câmara de Porto de Mós investiu na realização de uma Carta Arqueológica do concelho. É de crer que a sua publicação encontrará a oportunidade certa. Mas mais importante que a sua publicação, que não deixará de interessar alguns, será compreender que contributos este levantamento encerra no contexto geral do desenvolvimento do concelho.Trata-se fundamentalmente de um documento que identifica sítios com potencial arqueológico, locais específicos que devem ser protegidos de acções destrutivas, porque encerram conhecimentos do território do concelho e das suas relações com o mundo exterior ainda por desvendar. O património arqueológico identificado não é, na esmagadora maioria dos casos, passível de valorização imediata. Exige morosos e onerosos processos de investigação. E não é razoável escavar sistematicamente todos os sítios identificados. Seria incomportável como o seria a conservação dos sítios e do espólio. O património arqueológico de Porto de Mós, como o de qualquer outro concelho, deve esperar pela oportunidade certa para ser valorizado, pelo interesse dos investigadores e pelos recursos financeiros que se conquistem. Deve ser alvo de um estudo progressivo e não massivo. No entanto, só por si, a Carta Arqueológica de Porto de Mós revela-nos que existe um enorme potencial turístico a explorar e direcciona-nos para alguns eixos fundamentais. De facto, quando publicado o documento, será possível constatar que, na área do concelho, os sítios arqueológicos definem corredores de ocupação humana que coincidem com corredores naturais de circulação. Esses corredores, que atravessam a serra pelos vales de Alvados/Mira e de Serro Ventoso/Mendiga, foram, desde os mais remotos períodos de ocupação humana da região, as vias privilegiadas de circulação de pessoas e bens, de ideias e de progresso que culminaram nos dias de hoje e que nos explicam tal como somos. Esses corredores são simultaneamente das mais importantes unidades de paisagem do concelho, com maior potencial turístico e para a prática de actividades de ar livre. Neste contexto, o património arqueológico do concelho é um contributo, é mais um contributo a explorar pausada e inteligentemente e de forma integrada com outros aspectos valorativos do concelho: a paisagem cársica, a espeleologia, as artes e ofícios tradicionais, entre outras.

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