domingo, 18 de janeiro de 2009

22.04 - OPINIÕES

OLHARES SOBRE O MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO

Calcário e mais calcário assim se marca a paisagem no MCE - Maciço Calcário Estremenho assim denominado pelo célebre geógrafo português Fernandes Martins em 1949 na sua tese de Doutoramento que continua a ser o estudo de referência sobre esta parcela do território Português. A identidade desta região integrada nos Distritos de Leiria e Santarém foi definida pelo geógrafo da seguinte forma: " assim tão diferenciado das regiões confinantes(...), pelas formações geológicas, pela carência(...) e escassez de pontos de água, e reforçada ainda a sua fisionomia particular pelo típico revestimento vegetal, a individualidade do Maciço Calcário Estremenho não pode oferecer dúvidas". Falar do Maciço Calcário Estremenho, é falar dum Território e das comunidades que o habitam e também das dinâmicas que estas lhe induzem. Essas dinâmicas a que por vezes chamamos desenvolvimento são por vezes caracterizadas por contradições difíceis de harmonizar no balanço entre os legítimos interesses das populações residentes e a conservação dos recursos naturais.O MCE foi durante longos séculos uma área adversa à fixação humana em resultado da ausência de água à superfície, à agressividade dos calcários, a quase ausência de solos agrícolas, aos acentuados declives dificuldade de acessos,...um território marginalizado como ilustrou Orlando Ribeiro outro célebre geógrafo português: "...a presença de grandes maciços calcários domina a paisagem da Estremadura Central e constitui um dos mais vigorosos elementos da sua originalidade.... constituem um ambiente inóspito, onde as casas das aldeias e lugarejos recolhem a água das chuvas em cisternas e as culturas, durante o Verão, contam apenas com o orvalho e as brumas oceânicas. Durante muito tempo domínio de pastores e carvoeiros, aproveitando a argila empobrecida das depressões cársicas graças ao estrume das ovelhas e das cabras, protegendo os campinhos dos gados com paredes espessas como muralhas de defesa, onde se arruma a pedra removida para aproveitar a terra, foram, no principiodo século (xx), cobertos de um ponteado de oliveiras....."Hoje o MCE é um território olhado de maneira diferente nos recursos que encerra, na riqueza que significa e nas potencialidades de desenvolvimento que oferece. Os recursos naturais são duma importância extraordinária ao nível da paisagem, da geologia, da diversidade biológica, dos recursos hídricos e devem ser harmonizados na sua conservação com a sua exploração económica, quer sejam actividades aparentemente compatíveis como o turismo de natureza, quer outras com impacte flagrante como a exploração de inertes ou a actividade pecuária.Estes desafios têm de ser agarrados por todos os agentes em torno do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros entidade a quem felizmente incube a maior responsabilidade na garantia da promoção dum desenvolvimento sustentável que honre este ex-libris que é de Fernandes Martins, de Orlando Ribeiro, mas também de todos nós cidadãos deste Planeta...
JOSE ALHO

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