domingo, 18 de janeiro de 2009

22.02 - OPINIÕES

PÔR PORTO DE MÓS NO MAPA

Para quê? Pensar colocar Porto de Mós no mapa, se essa não for a vontade de todos nós?Sem pressas, mas sem pausas, urge discutir estratégias para que Porto de Mós crie sinergias equilibradas, mas desafiadoras para a sua população e os seus jovens, apostando na qualidade e bem-estar para quem vive na nossa comunidade. Para se definir uma estratégia, primeiro temos que definir uma ideia, só depois um conceito, onde todas as peças se encaixem e façam sentido. Depois sim temos a terra que todos criámos e todos somos responsáveis por manter, onde temos orgulho de viver. Ninguém pode valorizar se não ajudar a construir. Quem não gostaria de viver numa terra que garanta aos seus idosos, às crianças e aos jovens condições para o acesso à prática do desporto e do lazer? Não é uma forma de qualidade de vida e de fixação de novos moradores? A qualidade de vida tem a ver com o nosso tempo de repouso, avaliada não só das condições materiais, dos espaços, dos meios técnicos, dos recursos humanos, das condições higiénicas e sanitárias e dos valores éticos e culturais. Nos recreios escolares, na sua maioria, são espaços vazios, sem equipamentos lúdicos que proporcionem à criança condições para a prática de actividades de lazer. Os parques infantis, se devidamente apetrechados com estruturas lúdicas e adaptados à realidade infantil, são espaços propícios ao desenvolvimento da actividade física e lúdica e desafiantes na descoberta. Talvez o grande erro da sociedade consista em confundir instrução com educação. A acumulação dos conhecimentos não basta. Então, como alcançar o gosto pelos pequenos "segredos da vida", dando mais sentido aos "itinerários" do que "à viagem"? A grande questão consiste em transmitir o gosto por uma vida melhor, gerando situações colectivas para esta arte de viver em sociedade. Estes espaços são fundamentais para a criança descobrir, avaliar e adquirir gestos fundamentais, mas também para interagir com os outros. Esse grande espaço de interactividade, o tal parque da Vila, o tal Jardim do Sol, seriam espaços fundamentais para que todos pudessem desfrutar. Difícil é juntar pessoa. Com bons locais e encontro o viver comunitário ganha mais força.É no tempo livre, mais que no tempo de trabalho ou das obrigações familiares ou sociais, que se abre a melhor oportunidade para a livre descoberta do indivíduo. A criança é um produto de uma interacção entre a família, a escola e o meio em que se insere, desenvolvendo-se apenas se registar uma actuação responsável de todos os intervenientes nesta interacção. O maior objectivo da escola é formar e educar pessoas socialmente adaptadas, que posteriormente possam responder às expectativas da comunidade. Assim é importante começar pela base, valorizando o gosto pelo desporto e pela actividade física. Não um desporto em função dos mais aptos, mas sim com a possibilidade de todos poderem experimentar e elegerem o seu. Quanto maior for a entrada e a fidelização de jovens no desporto, melhores serão os resultados no futuro. A noção de lazer deve relacionar-se com a noção de satisfação: não está em causa se um jovem lê, joga futebol ou vai ao cinema no seu tempo livre, o que é relevante é que o faça de livre vontade, com prazer, e que exista oferta para as suas necessidades. O papel dos municípios, no âmbito da ocupação dos tempos livres, deve valorizar o papel cultural do desporto e do lazer junto da população, diversificar as ofertas desportivas, abrindo socialmente o desporto a todos os segmentos da população.A função das autarquias é insubstituível, na disponibilização de equipamentos e no lançamento de programas. Mas é fundamental a ligação estratégica aos clubes e associações, no apoio directo a programas que desenvolvam junto da comunidade. O património humano de dirigentes, é uma peça fundamental na ideia global que queremos para Porto de Mós, com apoios, não unicamente para o desporto federado, mas para o desporto de lazer. Assim, o desenvolvimento das condições para a ocupação dos tempos livres representa para as autarquias e para o mundo associativo, um desafio cultural. O lazer é um direito fundamental da humanidade. Quanto mais tempo livre, mais as pessoas se encontram, se organizam e reflectem sobre a sua vida. É fundamental o usufruto do tempo livre de uma forma saudável, lúdica e construtiva e o concelho de Porto de Mós necessita de estimular o encontro social. O lazer activo, significa uma escolha livre, uma auto-gestão do tempo, com vista à satisfação pessoal, melhorando a qualidade de vida, nomeadamente o bem-estar físico, mental e social. . Aproveitando os nossos recursos naturais, através da criação de circuitos, pedestres ou de btt interligados, de forma a criar uma rede de recreio global, potencia o tempo de utilização e de valorização do património. "O homem sonha e o mundo pula e avança". Por isso temos que responder se queremos ficar no mapa, se queremos que nos descubram, se queremos um turismo de massas ou queremos um turismo equilibrado, que gere riqueza, um turismo activo, que assente na dinâmica que construímos desde a sua base.Falar de desporto, é falar de potencial turístico e atendendo às nossas características naturais penso que o eco-turismo era aposta de futuro. O eco-turismo é um segmento de mercado do turismo. Distingue-se das restantes formas de turismo sustentável por agrupar um conjunto de princípios que visam a preservação dos recursos naturais, a promoção do desenvolvimento sócio-económico das comunidades locais e a sensibilização do visitante para as questões da área visitada. Surge assim como um meio para financiar a conservação, para beneficiar directamente as comunidades locais e para satisfazer e educar o turista, promovendo o respeito pelas diferentes culturas, ou seja apostar na diferença. Este novo turista é socialmente empenhado e tem preocupações ecológicas. Consciente das questões de justiça social, procura serviços especializados é sensível às culturas locais. Mais independente e consciente, procura experiências autênticas e com significado. Prefere itinerários flexíveis e espontâneos. Procura experiências autênticas e com significado motivado por um desejo de auto-realização e aprendi-zagem, procura experiências desafiantes em termos físicos e mentais. Por isso, devemos lidar com este turista, estudando e conhecendo detalhadamente o seu perfil, comportamento e atitude. O eco-turismo como vector de desenvolvimento, sustentável, era uma boa aposta para Porto de Mós. O eco-turismo oferece-nos nova possibilidade de equilibradamente gerar benefícios financeiros. As áreas naturais de conservação só sobrevivem se a população local estiver satisfeita. A comunidade local tem de ser envolvida no projecto e obter benefícios directos o aparecimento de actividades de turismo activo, em zonas rurais e pouco desenvolvidas economicamente permite que sejam criados empregos e que seja gerado rendimento a nível local ou regional. Temos que vender um produto em que a embalagem não seja mais valorizada que o conteúdo. Nas últimas décadas o papel do desporto nas sociedades, quer nos países desenvolvidos como nos em vias de desenvolvimento, ganhou uma dimensão enorme. Inicialmente esteve ligado ao espectáculo, depois à formação da juventude, passando à prevenção e manutenção da saúde, atingindo agora um lugar de primazia na indústria do lazer mundial.
EDUARDO AMARAL

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