segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

11.01 - AGRICULTURA

agricultura

O mundo rural tem que deixar de ser visto como sinónimo de atraso e de um tempo que já passou. Temos que olhar para a ruralidade com outros olhos, valorizando os produtos da agricultura tradicional e a qualidade de vida que se pode ter nestas zonas, nomeadamente em Porto de Mós. A esta imagem de uma agricultura tradicional pobre, pura e natural, a comunicação social, dos nossos dias, contrapõem uma agricultura moderna que é notícia pelas piores razões: crises de segurança alimentar e poluição ambiental. Deste "caldo" resulta que a população portuguesa, que vive maioritariamente no litoral urbano-industrial, além de pensar que a agricultura está quase a acabar no país, tem pena dos agricultores pobres, raiva dos ricos e medo daquilo que uns e outros produzem. Esta imagem negativa da agricultura acaba por criar um ciclo vicioso, ao desmotivar os mais novos de se instalarem nesta actividade, que é pouco conceituada na sociedade actual. Além disso, contribui também para agravar problemas de vizinhança entre os agricultores e os novos moradores dos espaços rurais e semi-urbanos. Quem deixa a cidade e se desloca para "viver no campo", procurando a tranquilidade e a natureza intacta que lhe foram prometidas, não aceita o barulho do tractor ou o cheiro do estrume. Penso que muitos sectores da nossa agricultura já encontraram novos caminhos da produção. É tempo de encarar o desafio da comunicação, como parte importante da comercialização dos produtos e da manutenção dos apoios à agricultura. Os "outros", os urbanos, que os desconhecem, são os seus clientes e patrocinadores. Precisam da agricultura, por causa da produção de alimentos e de todos os outros serviços prestados, mas precisam ser lembrados que é o trabalho que resulta naquilo que comem, o oxigénio que respiram e as paisagens que lhes enchem o olhar. Esta comunicação só é possível através dos meios de comunicação social. Lamenta-se que estes ignorem os aspectos positivos da agricultura tradicional e se limitem a divulgar os escândalos. Lembro, aqui, um antigo provérbio chinês: "faz mais barulho uma árvore a cair do que uma floresta inteira a crescer". Nada melhor que perceber que o "negativo e escandaloso" se vende sozinho, ao passo que o positivo tem de ser levado em ombros. Será esta a nossa missão: promover o que de bom fazemos e o que de melhor temos entre nós. Há aqui uma enorme tarefa para todos, desde o nível individual da "imagem" de cada agricultor e cada exploração agrícola, passando pelas organizações agrícolas e pelas pequenas empresas agro-industriais. Com uma organização conjunta da Câmara Municipal, associações de agricultores, Cooperativa Agrícola e Associação de Jovens Agricultores e orgãos de comunicação locais, como a Cincup, deveria promover-se uma feira semanal reservada apenas a agricultores do concelho, sem taxas e com controlo sanitária assegurado pelas autoridades municipais, tendo como primeiro objectivo apresentar a agricultura à sociedade envolvente. Seria uma feira de sucesso e de sucessos. Porto de Mós poderia criar uma dinâmica inovadora. Será certamente um pequeno passo, mas é tempo de começar. Temos um longo caminho a percorrer.

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