terça-feira, 20 de janeiro de 2009

10.05 - URBANISMO

tudo é urbano

Uma série de autores aponta, hoje, a coexistência curiosa, aparentemente paradoxal, de duas tendências concomitantes: assiste-se, segundo eles, ao avanço da urbanização no mundo inteiro, por um lado, e ao desaparecimento do concentrado urbano como forma territorial de organização social, por outro. Nas palavras de Castells e Borja a humanidade estaria fadada a um mundo de urbanização generalizada, em razão não apenas da concentração da população em áreas urbanas, mas também porque "las áreas rurales formarán parte del sistema de relaciones económicas, políticas, culturales y de comunicación organizado a partir de los centros urbanos". A partir daí estes autores questionam a validade de continuarmos a falar de concentrados urbanos se tudo o que conhecemos se tornou urbano e argumentam que "no deberíamos cambiar nuestras categorías mentales y nuestras políticas de gestión hacia un enfoque diferencial entre las distintas formas de relación entre espacio y sociedad? Tanto más cuanto que otros la definición de los fenómenos de nuestra época histórica plantean la posible desaparición de las ciudades como una forma territorial de organización social: la revolución tecnología de información y la globalización de la economia y la comunicación" Seriam, então, três macro processos que convergiriam para o desaparecimento dos concentrados urbanos como forma específica de relação entre território e sociedade: a globalização, a informacionalização e a difusão urbana generalizada. Imagina-se que este mundo sem cidades e vilas estaria organizado em torno de grandes aglomerações difusas, de funções económicas disseminadas ao longo de vias de transporte, com zonas semi-rurais nos interstícios, áreas periféricas incontroladas, com os serviços repartidos numa infra-estrutura descontínua. Tudo é já urbano ou quase e é preciso travar esta tendência suicida. Mas como um dos possíveis futuros que, cá para mim, desafia antes de tudo nossa própria compreensão do concentrado urbano, da diferença entre urbanização e constituição de cidades e vilas, do lugar e da propriedade das pessoas, de formas de convivência e integração e da própria representação dos lugares como elemento cultural e ideológico. O que nos interessa neste contexto, em particular, são as formas de construção e apropriação quotidiana das representações como elementos constituintes dos lugares e da sua dimensão cultural que, como tal, constituem também instrumentos e recursos estratégicos para gerar uma interpretação estreita dos problemas urbanos: o planeamento estratégico.

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